Relato – Caminho do Sal Completo a Pé

Esperando metro abrir

Nem sempre é fácil encarar os limites do corpo e tentar superá-los.
Propus um desafio no grupo Trilhas&Passeios, onde deveríamos percorrer o Caminho do Sal ( rota cicloturistica ), que tem 53KM, a pé em aproximadamente 12 horas.
Juntamente comigo, foram: Mike, Jailson, Claúdia, Toshio, Weliton e Felipe Franco.
Sai de casa 5:15 da manhã no dia 09/02/2016, onde fui encontrar com o pessoal, na estação da Luz às 06:00. Embarcamos no trem com destino à Guainases e depois Estudantes.
Chegamos em Mogi das Cruzes, tomamos um bom café, conversamos com outros amigos, que lá estavam para outras trilhas e pontualmente às 8:35, o onibus com destino ao distrito de Taiaçupeba,ai do Terminal.
Desembarcamos na pacata Cidade e damos início ao que seria um dos maiores desafios já feito por nós.

Assistam nosso vídeo após ler o relato:

CAMINHO DE BENTO PONTEIRO – 27,5KM

Pequenas subidas, pequenas descidas, quase ninguém pelo caminho. Assim caminhamos durante 10KM até o distrito de Quatinga ( Mogi ), onde compramos ‘cremosinho’, para nos refrescar daquele calor absurdo. Sol não dava trégua. Protetor reforçado, águas repostas e banheiro utilizado, começamos a caminhada rumo ao vilarejo de Paranapiacaba. Mais subidas, cachorros e o sol torrando nossos ‘cérebros’. No meio desse percurso um lago, onde alguns dos meninos puderam se refrescar.
Haviam pessoas nesse lago, tomando banho, fazendo festa, churrasqueira acessa, um verdadeiro cenário de causar raiva aos amantes da natureza.
Caminhamos mais 17,5Km de estrada de barro, que se misturava com pequenos trechos asfaltados ( asfaltado esse que não entendemos para que servia ), subidas e novas descidas e assim, às 16:00 chegamos no Vilarejo de Paranapiacaba. À cidade comemorava o carnaval. Pegamos mais água, compramos novos mantimentos e às 16:30 de lá saímos. Concluímos assim o Trecho de Bento Ponteiro do caminho do sal.

CAMINHO DOS CARVOEIROS – 10 KM

Pela parte baixa da cidade, demos início ao segundo trecho da travessia. O Sol, claro continuava judiando da gente. A estrada de barro, dessa vez foi substituída por uma estrada de pequenas pedras e areias, quando os carros passavam levantavam poeira, deixando-nos muitas vezes tomados por ela.
Considero essa parte uma das mais chatas de se fazer. A estrada passa carro o tempo todo, e você precisa ficar tomando muita atenção, já que não existem sinalizações, radar ou qualquer instrumento que possa parar o carro, com exceção da estrada em si.
Ás 18:00 praticamente chegamos na antiga estação de campo grande, onde hoje funciona apenas um pátio de manobras da MRS. Sentamos por lá para poder pegar fôlego. Analisamos o trecho que havíamos percorrido, ninguém queria desistir, porém o sinal de cansado, já era visível em todos. Alguns já apresentavam sinais de bolhas nos pés, outros assaduras na virilha e dor na coluna. Após uns vinte minutos parados, pegamos o asfalto e fomos de encontro ao último trecho do caminho. Ainda faltavam mais de 20KM para ser percorrido. Já era quase 19:00 e o sol continuava a pino, nos torturando.
A parte da estrada foi muito cansativa, devido ao calor e o asfalto quente. Não conseguíamos nem sequer aproveitar o visual.
Ás 19:30 aproximadamente, tínhamos alcançado o último trecho do caminho do sal que faltava.

CAMINHO DA ZANZALÁ – 16KM

Último trecho alcançado. Faltavam mais de 16KM  para concluirmos o caminho do sal.
Escolhemos pegar o trecho que vai para São Bernado do Campo. O Sol começava a demostrar seus primeiros sinais de fraqueza. Quando entramos na estrada, muitas pedras começaram a cruzar nosso caminho. Pedras grandes, pequenas, velhas e novas. Era praticamente impossível poder desenvolver alguma velocidade nesse trecho. Os mosquitos começaram a sobrevoar nossas cabeças, como se fossemos seus alimentos. Verdadeiras nuvens deles pairavam sobre a gente. Sr. Toshio, nos emprestou seu repelente. Alguns foram picados, outro engoliu um mosquito, mas de modo geral, os insetos não nos deixaram em paz.
Passamos por vários poços, para banho, mas não era possível verificar o quão limpas eram suas águas, pois a noite começava a dar sua graça.
Faltando mais de 10KM, anoiteceu, começamos a fazer uso da lanterna e um pedaço de madeira na mão foi necessário, pois não sabíamos o que podíamos encontrar pela frente. Subidas e descidas para variar, esse trecho do caminho do sal, foi o mais chato de fazer, não pelo fato de estarmos cansados, mas pelas grandes pedras no caminho. Porém pelo pouco que pude observar, é o trecho mais bonito também, pois você está o tempo todo no meio da mata.
Aproximadamente às 20:00 e pouco, já avistávamos os primeiros sinais de civilização em São Bernado. Pontos de ônibus começaram a aparecer pelo caminho. Porém não tínhamos a menor ideia se naquela região ainda haveria condução.
às 21:30 a estrada de terra desapareceu, dando lugar ao asfalto, que quase abraçamos quando vimos.
Uma sensação de vitória e dor ao mesmo tempo começava a nos tomar.
A represa estava ao nosso lado, a estrada asfaltada abaixo de nossos pés. Mal passava carro naquele lugar e tínhamos poucos Kms para percorrer. Comemos nossos últimos suprimentos, compartilhamos água, descansamos e nos colocamos em pé para assim, depois de mais de 12:00 andando, completarmos o caminho do sal, alcançado km 34 da Estrada Velha.
A sensação de ter conseguindo alcançar a saída do caminho do sal após às 22:00 foi incrível. Ninhamos caminhado desde Mogi das Cruzes, cruzando bairros, estradas e muitos Kms.
Já na estrada tínhamos mais uma luta a ser travada, encontrar o ponto de ônibus que nos levasse para perto de Ferrazópolis. Como um pessoa enviada por Deus, para nos Ajudar, um senhor apareceu em seu carro e ofereceu carona, ate certo ponto da estrada. Subimos todos em sua carroceria e ele nos deixou próximos ao Estância Alto da Serra, de lá andamos mais 500 metros, atingindo um pequeno Bairro.

O FINAL

O Onibus passou às 22:40, o que já nos deixava preocupados, pois estavamos bem longe de tudo.
Desembarcamos em Riacho Grande, e imediatamente passou a outra condução, que nós deixou no terminal de Ferraz da EMTU, eram 23:10, o onibus sairia apenas às 23:25. Esperamos angustiados esse tempo. Dentro do trolebus uns foram dormindo, outros capotando no sacolejo da pista. Passamos pelos Terminais de Sao Bernando do Campo, Piraporinha, Diadema e finalmente às 00:10 do dia 10/02/2016, desembarcamos no Terminal de Jabaquara/SP.
Já não tinha mais metro, para um poder ir parta suas casas. Haviam pessoas do grupo de Guarulhos, Mogi das Cruzes, zona norte e sul de São Paulo.
O Jeito foi esperar. No Habibs comemos, e bebemos. Todos com muito sono, cansados e exaustos.
02:00 da madrugada, sentamos e deitamos nas escadas de acesso ao metrô, esperando dar 04:40 para podermos partir.
O jeito foi ficar revezando nesse curto tempo, embora à noite, esse curto tempo, mais pareceu uma longa noite. Outras pessoas também lá esperando o mesmo que nós. Os moradores de rua, passavam pelo local. Deitamos e sentados na escada, lá ficamos.
Metrô abriu e finalmente conseguimos encerrar essa longa, divertida e experiente aventura pelo Caminho do Sal.
Não recomendo à ninguém fazer essa travessia em um dia.  É muito cansativo, em vários trechos se você não tiver água ou comida, poderá passar por uns mal bocados. Se anoitecer e não estiver preparado, levará sustos ou algo pior pode acontecer.
A experiência foi incrível. A união, amizade e a garra de todos, foi sensacional.
Obrigado aos amigos, parceiros, irmãos que concluíram juntos essa grande loucura.

4º Evento de Fevereiro
07 participantes

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