Meu relato sobre a travessia da serra dos órgãos:
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| Mariele |
“Havia feito algumas poucas trilhas antes de realizar a travessia. Essa aventura só foi possível por conta que dois integrantes do grupo dividiram parte do peso que eu carregaria entre eles. Para as pessoas que estão começando, recomendo fazer várias trilhas e se acostumar a carregar bastante peso antes de partir para uma travessia como essa.
O primeiro dia foi o mais difícil pra mim, foram 8 horas de praticamente subida e quanto mais subíamos mais ingrime e quente ficava. O sol castigava causando uma espécie de sensação de sufocamento. Sentia muita sede, tontura e vertigem em alguns trechos. Teve um momento em que as pessoas que estavam na minha frente pararam para descansar, nesse momento sem pensar muito me joguei no chão e deitei no meio da trilha, fiquei lá alguns minutos.
Quando chegamos no topo senti uma mistura de alívio e euforia. Lá tiramos nossas botas, deitamos nas pedras e ficamos só curtindo a vista e a brisa.
Então partimos para o abrigo, lá tomamos um banho de 3 min e ajeitamos nossas coisas. Fui com alguns integrantes do grupo cozinhar “dentro” do castelo do Açu, uma formação rochosa muito bonita. No “castelo” reunimos as comidas que todos os integrantes levaram e fizemos uma feijoada “monstro”, com direito a arroz, farofa e macarronada. Escutamos música, conversamos e rimos tudo com as luzes de nossas lanternas. Tive que tomar remédio para dor de cabeça causada pela insolação da subida, logo a dor foi passando e consegui relaxar e comer tranquilamente.
Eu e mais dois integrantes do grupo fomos dormir no abrigo. Como havia muitas pessoas dormindo no mesmo lugar e deixaram o ambiente fechado e abafado, minha rinite atacou e comecei a passar muito mal. Então uma integrante do grupo me levou pra fora do abrigo, acabei dormindo na “varanda” e foi uma das coisas mais incríveis que poderia ter acontecido. Quando o sol começou a nascer assistimos juntas aquele espetáculo de cores muito vivas no céu.
O segundo dia foi mais leve fisicamente, porém com muitas emoções fortes. Consistia basicamente em atravessar os vales e picos de montanhas famosas da serra. Em cada descida sentia um frio imenso na barriga, aquele vale gigantesco sob os meus pés. Algumas subidas tinham trechos de escalaminhada, que só consegui subir graças as muitas mãos amigas que me puxaram pra cima durante o trajeto.
A visão que tínhamos em cada trecho eram tão incríveis que nos davam forças não só pra continuar mas pra querer sempre mais apesar de todo o cansaço. Meu conselho é façam essa travessia pois qualquer foto não será digna da realidade. Todas aquelas emoções precisam ser sentidas ao menos uma vez na vida.
Nesse segundo dia acampei, não conseguia nem pensar em entrar no abrigo novamente. Lá cozinhamos no próprio Camping e tomamos um café da manhã “top”, com direito a pão sírio com Nutella e pão com ovo e gorgonzola.
No terceiro dia foi um trecho de descida na sombra, sem dificuldades físicas nem técnicas. A única dificuldade era controlar a ansiedade terminar a travessia e poder descansar.
Em linhas gerais só tenho a agradecer a todas as pessoas que fizeram dessa aventura algo possível. Todas as mãos amigas e palavras de incentivo, todos vocês me ensinaram muito sobre o verdadeiro valor de companheirismo. Espero estar com vocês novamente em uma próxima aventura. “
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