RELATO: Estrada da Petrobrás – Matheus Miranda

Nosso Amigo e Colaborador, Matheus Miranda, fez a Travessia da Petrobras, no dia 25/11 de 2017. Matheus tinha um sonho de ir para a Praia à pé, mesmo estando preparado ele viu seu sonho entrando em ruínas pelo meio do caminho. Acompanhe como foi a experiência de um de nossos aventureiros:

RELATO – ESTRADA DA PETROBRÁS

Matheus Miranda

” Olá, me chamo Matheus Miranda. Este é meu primeiro relato a ser partilhado sobre minha experiência em andar 78Km em menos de 24 horas.

Fui convidado para realizar a  Travessia da Petrobrás, em menos de 24 horas, saindo de Salesópolis em direção à Caraguatatuba, juntamente ao grupo Trilhas&Passeios.

Sempre me imaginei efetuando uma descida a praia andando, e ai na vida, a gente acaba por encontrar pessoas com as mesmas vontades que a gente, e as mesmas loucuras também. Partindo dai é juntar o útil ao agradável, e sair por ai com o pé na estrada, no mato ou asfalto. Confesso que minha mente não estava preparada para tanto, ainda. Porém a minha vontade de fazer essa loucura era maior ainda, então eu não poderia perder tempo e tal oportunidade.

Foram 78Km andando, em um período total de aproximadamente 25 horas, contando com diversas paradas no meio do caminho, no qual me trouxe muitas dores e sequelas. No inicio da trilha, é sempre aquela descontração toda, acompanhando o grupo de perto, conseguindo ter o controle de consumo, tanto de comida, como de água. Na sua cabeça, você sempre irá sentir a vontade de consumir por impulso, mesmo sendo alertado da escassez de água pelo caminho,  porém, eu não se tinha noção do que iria encontrar pela frente, temos que ficar atentos e procurar consumir aquilo necessário para o corpo.

Nosso ritmo de andar 10Km e efetuar pausas de 10 minutos, envolve muito a sua mente, pois você fica meio que calculando quando será sua próxima parada, já imaginando que você poderá sentar, descansar e expor os pés para fora dos calçados e relaxar.
Por volta do KM 30, meus pés apresentaram bolhas enormes, por conta da estrada, onde há muitas pedras grandes, pequenas, terreno irregular e você é obrigado a andar sobre eles, o que possivelmente tenha provocado às bolhas. A essa altura eu já estava próximo de superar a minha caminhada mais longa que teria sido de 38Km ,Rio Claro em Biritiba Mirim.

Partindo daí, já sabendo que meus pés estavam com bolhas, começou a abalar meu psicológico, passei a sentir fortes dores nos pés a cada passo. A dor, não contente somente com os pés, passou até aos ombros, onde carregava uma mochila com toda a água e comida que consumiria. Já era noite quando chegamos ao KM 40, onde seria nossa parada para reabastecimento de água na Petrobras. Fomos convidados a fazer parte de uma confraternização entre funcionários da mesma, que acontecia naquele momento, com um bom churrasco e uma coca bem gelada, que deu um grande alivio à todos que caminhavam. Mas sabíamos que não poderíamos parar muito por ali, pois tínhamos muito a caminhar ainda. Já tínhamos passado por tantas ladeiras, e na minha cabeça ja estava passando tanta informação, se eu queria desistir ali, ou seguir, sabendo que pra frente teríamos muito mais ladeiras, mas como já estava de noite, e eu me conhecendo sabendo que tenho melhor desempenho durante este horário, insisti em continuar, coloquei a mochila nas costas, garrafas abastecidas e bastão na mão, e segui. Mas antes recebemos aviso dos funcionários, de que encontraríamos cobras por aquele local, e que teríamos de tomar alguns cuidados para evitar o pior. Dito e feito, alguns metros depois de voltamos a caminhada, encontramos uma Cascavel na estrada, ela aparentava ser bem agressiva, e para evitar o pior, aproveitamos enquanto ela saia do caminho, para passarmos. Foi um susto encontrar assim, já logo de começo, o que preocupou o grupo. Durante todo o período que tivemos andando de noite, sempre em alerta com lanternas e bastão para qualquer ação ou reação ser tomada. Ainda encontrei algumas cobras menores, que claro, me assustaram, mas eu já estava tão preocupado em fechar mais um conjunto de 10km, que eu simplesmente ignorava.

Uma das cobras no meio da estrada

Meu corpo passou a ficar muito fraco durante a noite, começou a me dar um baita mal estar. A fraqueza me fazia parar durante o percurso, o que atrasava o grupo cada vez mais. A preocupação de todos, com o bem estar foi a essência do grupo. Em nenhuma das paradas eu fui criticado por isso, pelo contrario, recebi total apoio. Dominique, Danilo e amigos ficavam pra trás, por minha conta afim de tomar providências caso algo pior viera a acontecer.
Ao chegarmos próximo ao viaduto abandonado no meio da Serra do Mar, o grupo fez uma pausa grande para poder dormir umas duas horas e eu poderia recuperar a energia. Essa foi a quarta edição da Estrada da Petrobrás do grupo Trilhas&Passeios e foi a primeira vez que houve uma para dormir, sinal de que mesmo com minhas dificuldades, estávamos andando num bom ritmo, coisa que eu viria a descobrir depois. Meu corpo pediu o descanso, e assim fizemos. O dia começava a dar os primeiros sinais de que o sol iria nascer, isso era perto das 06:00 da manha, acordamos e seguimos.

Com o corpo relaxado e pronto para encarar novos desafios. Finalizamos nossa caminhada pela Estrada Petrobras, parando apenas mais uma vez para dar uma relaxada nos pés num rio que tinha próximo ao Bar. Uma rápida parada no bar, para beber uma coca e meus amigos um café e fomos caminhando ate o final da estrada. Objetivo atingido, Estrada da Petrobrás concluída.

Animado com a conquista, ganhei um novo folego para encarar mais 8KM de asfalto até a praia, e assim fui. Quando chegamos, tivemos a oportunidade de ter sinal no celular, e poder avisar nossos familiares. A primeira ligação foi da minha mãe, não pude explicar o sentimento de poder ouvir a voz dela, depois de tudo que passei no dia anterior, sua voz me fez acreditar que eu conseguiria chegar ao final da caminhada, que eu poderia pegar a van de volta pra casa, chegar e poder rever a todos em casa. Logo, bastão na mão, fôlego recomposto e vamos que vamos chegar na praia. Algum tempo depois, enfim chegamos à 300 metros da praia em média, onde a Van, nos encontraria e nos levaria até a uma outra praia própria para o banho.

Ao chegar na areia da Praia, minha vontade era de por pra fora toda a dor que sentia, vontade de realmente explodir com gritos, pulos e tudo que tinha direito. Mas a dor foi mais forte, e eu apenas comemorei e agradeci a todos que concluíram mais essa jornada comigo.

Sou muito grato por toda essa equipe do Trilhas&Passeios, as caminhadas mais longas foram com eles, e sempre foi a mesma parceria, carrego esse grupo como minha outra família, que quero levar pra toda a minha vida.

Não me arrependo em nenhum momento de ter feito essa travessia de 78Km, pelo contrario, estou é agradecido e me dando parabéns, pois são poucos que conseguem finalizar a mesma, e eu posso dizer:

Pedra do Maracajá

“EU VENCI, EU CONSEGUI, ME AUTO CONHECI E ME SINTO MEGA FELIZ POR ISSO! MISSÃO DADA, É MISSÃO CUMPRIDA.”


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1 comentário em “RELATO: Estrada da Petrobrás – Matheus Miranda”

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