Relato: Estrada da Petrobrás – 2019

Por: Danilo da Silva
Data: 26/05/19

Essa é uma História de Fé e Superação. Há quem acredite em coincidências, em Deuses, religiões, orações, etc. Importante cada um acreditar no que sua crença lhe garanta convicção e respeitar os demais.
Em fevereiro( 25 ), tínhamos um grupo de quase 15 pessoas que iria encarar os 74Km da estrada da Petrobrás, um estrada que gás, óleo da Petrobras, que no seu KM 40, tem uma estação que Bombeia para Guararema e desce o mesmo para São Sebastião, já refinado. Porém havia previsão de bastante chuva e mesmo após o nosso encontro, optamos pelo cancelamento, para a segurança de todos.
Uma nova data foi marcado ( 25/05 ). Pessoas se inscreveram e no dia do evento, tivemos 8 participantes. Possivelmente se o numero fosse maior, teríamos problemas.
Encontro marcado e às 07:00 da manhã do dia 25/05, partimos de trem da Estação da Luz até a de Mogi das Cruzes. Parada na Padaria para café da manhã reforçado, entre pães na chapa e esfihas de Carnes.Às 09:15, entramos no ônibus que nos levaria até o Trevo da Petrobrás, na Instancia turística de Salesópolis. Últimos ajustes na mochila e prontamente às 10:35 começamos aquela que para muitos seria a maior caminhada realizada até o momento.

Logo de cara, antes do KM 01, um senhor muito simpático nos ofereceu carona em seu caminhão, os olhos piscaram, mas com muito pesar o mesmo foi rejeito. E após os primeiros 10KMs, eis que surge nossa primeira pequena pausa. Sentamos na estrada de Terra, tiramos os tênis, para os pés respirar, comemos algo e 15 minutos após, já estávamos caminhando rumo ao Bar do Luiz, que fica no Km 12. Uma breve pausa para beber algumas tubaínas, comer moranguetes, balinhas e partir rumo ao Km 22.

Bar do Luis

Logo após o inicio do Núcleo Padre Doria, do PESM, foi instalada uma guarita, onde 2 guardas se revezam em alguns turnos, para garantir que todos que por ali passem, deixem seus RGS, para controle do parque. Paramos lá e conversamos com os Guardas, que não permitem que as pessoas acampem por lá, até mesmo porque na estrada está inúmeros dutos da Petrobras, é uma fogueira num lugar errado, pode provocar uma grande tragédia. E acreditem: tem pessoas que conseguem burlar a fiscalização e fazem fogueiras na estrada. Os guardas nos ofereceram águas, usamos o banheiro e logo partimos rumo ao KM 32, onde faríamos suma pausa maior com direito à água feito em cafeteira italiana.

Mirante da Cruz

Pedra do Maracajá

No meio do Caminho, pausa para fotos na Pedra do Maracajá no Mirante da Cruz, uns dos lindos atrativos da estrada.
Nosso objetivo era realizar a estrada em no máximo 24 horas, por isso  banho nas cachoeiras que encontramos pelo Caminho, estava fora de cogitação.
Teve várias rajadas de vento, porém como quase todo o caminho é protegido por arvores, não sofremos tanto impacto. Mas algumas ‘brisas’ acertavam o grupo.
Perto do Km 30, tivemos que pegar as lanternas, pois já havia anoitecido e ainda não eram 18:00. Conclusão: iriamos caminhar mais de 12 horas em completa escuridão. E começava a garoar e a surgir uma tensa neblina que oras vinha mais forte e ora mais fraca.
Já estávamos ansiosos pela parada do Café, até mesmo para aquecer nossos corpos, não que estivemos com muito frio, pois utilizávamos corta-vento, fleece, térmica e a Capa de chuva por cima, em alguns momentos cogitamos tirar a capa de chuva, mas o sereno da Noite que ganhava força e forma impedia.
Encontramos um pequeno pedaço da estrada meio seco, se é que podia falar assim, sentamos, e começamos a fazer o café, a primeira leva forte e quase sem açúcar e a segunda mais fraco e doce, agradando a todos os paladares. Mas a estrada esperava pelos caminhantes e após 30 minutos lá estavamos caminhando novamente, dessa vez com destino a Estação de Bombeamento da Petrobrás no Km 40. A garoa em alguns momentos ficou forte, o que foi suficiente para molhar alguns tênis. Por dentro das capas de chuvas suávamos, apesar da baixa temperatura o calor dentro era intenso, porém não podíamos tirar, afim de proteger as mochilas e as roupas que estavam secas.
Nesse meio período tivemos duas pessoas que passaram pouco mal, a Rita devido a esfiha de carne que comeu lá na padaria, logo no inicio do relato e a Dominique por uma exaustão.

Luzes começaram a aparecer em nosso caminho, evidenciando que tínhamos alcançado a Estação da Petrobras. Paramos próximos a portaria e conversamos com os guardas e funcionário que tomavam conta do local. Nos ofereceram água, porém por conta do frio, tínhamos um bom estoque da mesmo.

A estrada estava ali esperando e entre conversas e musicas, dava-se inicio ao trecho da estrada esquecido pelo Poder Publico, pela Petrobras e por quem ali passassem. A estrava estreita, ganha terrenos lisos e pedras enormes, todo o cuidado é pouco, pois uma torção ali, poderia ser o fim da caminhada para o grupo.
Com o objetivo de parar no Km 50 para outra pequena Pausa, tivemos que adiantar essa parada, para descanso dos nossos amigos. A garoa intensa não parava, as capas eram utilizadas e tinha pouco local para parar, uma vez que toda estrada estava molhada, a chuva não parava e todos começavam a beirar um pouco de exaustão.
Caminhada continuou firme, neblina fica mais tensa e nos ali contínhamos, sem qualquer vestígios de animais que ali vivem. Sem visualizar quaisquer residências que ali possui. caminhávamos com o Objetivo de alcançar o KM 60, para a penúltima pausa do percurso.
No Km53 tem acesso a estrada da Limeira, cuja saída se dá em São Sebastião, a estrada vira então 86Km de caminhada com uma altimetria de da inveja para diversas montanhas. Logo após o acesso a estrada da Limeira, é possível observar os viadutos que tiveram sua construção abandonadas na gestão militar é se ficaram por muitos e muitos anos.
Engana-se que pensar que a Estrada da Petrobrás, descendo para Caraguá, tem apenas descida, sobe-se um acumulado de 30Km no decorrer do percurso.
Mais um objetivo de quilometragem alcançado e ali estávamos no Km60, onde será uma futura sede do PESM, núcleo Caraguatatuba. Haviam duas pessoas lá trabalhando que também nos ofereceram água. Numa conversa informal com os guardas do KM 22, nos contaram que ali será uma especie de centro de visitantes. Ajudará bastante, em especial os ciclistas.

Grupo no começo da estrada da Petrobrás

Feita a penúltima Parada era hora de descer a Serra, até chegar nas águas do Rio Pardo. Foi feito de forma tranquila sem grandes preocupações, o terreno começava a secar, as pedras a diminuírem a garoa/chuva ceso. Com um pouco mais de 3Km entre o novo centro de visitante, encontra-se a segunda Guarita, que controla o acesso de quem sobe pela estrada. às 06:00 chegamos lá, fomos bem recebidos pelos guardas, que anotaram nossos nomes e ofereceram água. Tivemos um pouco de conversa e às 06:20 partimos, rumo ao final da Estrada da Petrobrás.
Pouco tempo após nossa saída, um dos guardas, veio atrás de carro, oferecer suporte até a estrada, pois tinha entendido erroneamente que um pessoa que estava conosco, passava mal. Expliquei que não procedia, mas que ele poderia verificar com o grupo. Quatro pessoas que estavam andando ‘meios tortas’ aceitaram a carona de 2Km até o final da estrada da terra e no grupo que veio a pé chegou às 06:55.

Café foi especial

Tinhamos informação de que o ônibus para a rodoviária, passaria apenas às 8:30, então o Plano era andar até termos sinal no celular e usa algum aplicativo de transporte, na esperança de ser salvos por quem atendesse o chamado.
Mas às 07:00 o coletivo passou, vazio, com destino a rodoviária de Caraguatatuba. Pagamos R$ 3,80, embarcarmos e após uns 25 minutos chegamos .
O guichê informava apenas o horário de 08:40 disponível, porém no ônibus das 07:40 tinha lugares e como um Providencia divina, conseguimos comprar a tempo às passagens e embarcamos.
Prontamente às 10:25, Rodoviária do Tiete estava nos esperando. Uns saíram mancando por causa do corpo frio, bolhas nos pés ou cansaço.

Houve uma perfeita sincronização no grupo, união e com certeza não podemos chamar de coincidência.
Em diversos momentos que queríamos parar. a chuva não deixava, a Carona que apareceu apenas para levar as pessoas do grupo que andavam com um pouco mais de dificuldade. Nossa chegada ao ponto do coletivo com o mesmo, foi perfeita e na rodoviária não poderia deixar de ser providencial o Ônibus saindo no horário que chegamos.
Tudo parecia estar escrito desde a seleção dos participantes até a chuva que em Fevereiro cancelou nossa ida a Estrada da Petrobrás.

Participaram dessa edição 8 corajosos guerreiros que enfrentaram as constantes subidas até Caraguatatuba, que não se abateram pelo tempo, enfrentaram frio, dores, diversas reflexões pelo caminho, mas conseguiram concluir com louvor a Estrada da Petrobrás em apenas um dia.
Abaixo os dados dessa insanidade, loucura o que você queira chamar.

Desconhecemos grupos, pessoas que façam essa loucura em apenas um dia, até o momento.

Parabéns à todos!!!!

Legenda:

PESMCriado em 1977, o Parque Estadual Serra do Mar representa a maior porção contínua preservada de Mata Atlântica no Brasil. Seus 332 mil hectares percorrem uma extensão que compreende 25 municípios paulistas, desde a divisa do estado com o Rio de Janeiro até o litoral sul de São Paulo.

Pedra do MaracajáA Pedra do Maracajá é uma formação geológica na Estrada do Rio Pardo. Recebe este nome em homenagem a um gato maracajá que foi fotografado próximo à área. O gato maracajá é uma espécie rara, ameaçada de extinção, solitária e de hábito noturno.

Mirante da CruzO Mirante da Cruz é um ponto de observação da Serra do Mar, com  muitas histórias e curiosidades. É de onde se vê uma falha geológica numa das montanhas em forma de cruz, com altura aproximado de 50m. Por muito tempo, simbolizou o caminho certo para os tropeiros, escravizados e aventureiros que subiam a Serra, era o caminho do Padre Dória e ponto de parada para descanso. Era hábito do Padre Dória e costume religioso marcar com cruzes os locais de parada, de descanso, como a Capelinha de Santa Cruz no bairro da Nascente do Tietê, construída quando encontrada uma Cruz pelos moradores e tantas outras cruzes que os tropeiros narravam ter encontrado em meio à mata.

Núcleo Padre Doria: O Núcleo Padre Dória (NPDOR) é o décimo Núcleo do Parque Estadual Serra do Mar, criado em 25 de março de 2014, com áreas pertencentes aos Núcleos São Sebastião, Bertioga e Caraguatatuba.
Devido à importância histórica, cultural e ambiental da região, as áreas foram desmembradas para a formação de um Núcleo no Planalto com a finalidade de facilitar a gestão e assegurar a proteção da flora, fauna, e das belezas naturais, bem como garantir sua utilização voltada para objetivos educacionais, recreativos e científicos.
Possui área de 26.154,02 hectares, está localizado nas cabeceiras do Alto Tietê, Alto Paraíba e planalto da Serra do Mar, distribuído entre os municípios de Paraibuna, Salesópolis, Biritiba Mirim, São Sebastião, Caraguatatuba e Bertioga.
O nome do Núcleo é uma homenagem ao Padre Manoel de Faria Dória, fundador da cidade de Salesópolis e responsável pela construção da Estrada Dória, que ligava as regiões do Vale do Paraíba e da grande São Paulo ao Litoral Norte Paulista.
A Estrada Dória possui seus traços e vestígios na Serra do Mar, apresentando muitos patrimônios históricos e culturais.

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